Se há uma coisa que o PSD no período de consulado de José Sócrates tem subestimado desde sempre é a capacidade de combate, a resiliência e a astúcia do actual primeiro-ministro. Este já é o 4º presidente do PSD no período de governaçãode José Sócrates. Após as famigeradas eleições legislativas para Santana Lopes de 2005, o PSD já tentou salvar a sua face com Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e Manuela Ferreira Leite até vir o benjamim Passos Coelho com peito inchado clamar aos quatro ventos, aqui d´el rei.
Eu partilhava da mesma desvalorização política quanto à figura de Sócrates até assistir às suas inimagináveis e repetitivas ressurreições políticas, caso após caso da sua pessoa. Comecei a ver na sua figura uma grande empatia com o poder e, daí relutância,diria mesmo resistência em afastar-se desse rumo ou a deixar que lhe abrissem sequer esse caminho. Quando vem agora Luís Amado falar em coligação, em pacto para uma governação exigente, estável e vigorosa, naturalmente que, em primeiro lugar está concertado com José Sócrates, depois tem noção do desgaste que o Governo actual tem vindo a registar desde o anúncio do 1ºPEC. Sabe, obviamente e, consubstanciado pelas últimas sondagens que o seu governo está em queda livre e nada fará inverter essa tendência a não ser que se lançem uns pozinhos mágicos sobre o país!! Ora esta entrevista ao Expresso, marca o início desse registo, no afâ de esbater as recentes assimetrias percentuais entre PS e PSD.
Se se começar a granjear perante a opinião pública e, seguidamente do eleitorado a necessidade, mais, a obrigatoriedade de um Governo de coligação, esbate-se o interesse maior de votar no PSD. Esta discussão pode parecer desfasada, mas o PS está mais que convicto de que após, as presidenciais, Cavaco Silva dissolverá a AR, pelo que está a minimizar os estragos feitos pela bomba fiscal que lançou recentemente sobre os portugueses e, num último fogacho de esperança tenta equilibrar as expectativas, pois sabe que se perder e permitir ao PSD a maioria absoluta sozinho ou em coligação com o CDS-PP, não terá quaisquer hipóteses de apagar da memória dos portugueses o rasto de destruição, de abandono e irresponsabilidade que deixou para os vindouros. Noutros países, este processo desencadiaria o fim do partido com imputadas responsabilidades no supracitado processo governativo e quiçá o aparecimento de uma "Nouvelle Vague" Socialista, como forma de dissociar o histórico, republicano, maçónico e ancilosado PS das suas futuras ambições de poder.
Na minha opinião este PS ainda tem hipóteses de governação sozinho? Sim. Tem uma derradeira hipótese, se conseguir executar na perfeição o ambicioso orçamento que estipulou para 2011. Obviamente que este processo será interrompido a meio, após a reeleição de Cavaco e se as contas públicas estiverem a derrapar novamente. De qualquer forma, em seis meses já dará para se sentir o pulso ao rigor de Teixeira do Santos( que a teimosia/preserverança de Sócrates não deixará sair)!! Já agora,em jeito de conclusão deixo uma sugestão aos socialistas, para o bem do país: maior transparência, maior rigor, humildade e sinceridade aos portugueses e, tudo isso somado com a execução devida do orçamento de 2011, dará aos socialistas uma revigorante a imagem. Coligações de Bloco Central?? Apenas o reconhecimento da inércia e incapacidade do governo finado...
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