Finalmente a classe profissional da Arqueologia consegue unir-se para ver formalizado um sindicato que a represente e defenda. Surge ainda para mais num momento oportuníssimo e decisivo para o sector pela crescente instabilidade laboral que se vai verificando e que carecerá de ser monitorizada por uma organização que zele efectivamente pelos direitos laborais dos trabalhadores de Arqueologia. Infelizmente algumas instituições públicas que visam tratar desta problemática pouco ou nada fazem em defesa do trabalhador independente, a esmagadora maioria dos trabalhadores de Arqueologia. O ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] pouco faz e também não tem capacidade humana e logística de fiscalização sobre os trabalhos desenvolvidos quotidianamente no país e o Tribunal do Trabalho alega que não tem qualquer tipo de tutela sobre trabalhadores por conta própia. Assim, ficam os trabalhadores de Arqueologia completamente à mercê de empreiteiros e empresários sem ética profissional. Faço apenas uma reserva quanto à utilidade que o futuro sindicato poderá vir a ter na intransigente defesa dos direitos laborais dos técnicos de Arqueologia, que diz respeito à sua eventual apropriação e manietação por partidos políticos e sinuosas agendas eleitorais. Assim, apelo ao futuro sindicato que seja efectivamente um sindicato independente e, não obstante poder ter representados de diversas sensibilidades políticas e partidárias que não se condicione por manifestações partidárias que não são na sua grande maioria a vontade individual e defesa laboral dos associados. Assim, espero que este futuro sindicato não tenha como uma das suas principais medidas a associação a uma central sindical, do tipo da CGTP, UGT ou TSD, pois com essa medida inusitada visaria apenas desacreditar uma classe que não quer ser partidarizada, mas efectivamente independente da classe política instalada no país.
Concordando naturalmente com a existência e viabilidade deste sindicato, comungo da ideia de que este per si não pode resolver todos os problemas inerentes à actividade arqueológica desenvolvida em Portugal, pelo que entendo que seria de todo interesse (e complementaridade com o sindicato a criar) a criação de uma Ordem profissional, pois parece-me a mim que um sindicato tratará fundamentalmente as questões laborais dos seus membros, no entanto há outro tipo de questões acerca do futuro da actividade no país, da sua credibilização, da sua interdisciplinaridade com outras áreas profissionais, da sua metodologia e ética e deontologia, da sua formação, que carecem de tratamento no respectivo campo com a devida organização. Seja como for, este é um primeiro passo que é importante saudar e valorizar para que a nossa classe, efectivamente unida e concentrada nas respostas e soluçõesa dar para a Arqueologia nacional sinta que há um movimento crescente de esperança que nos fortaleça enquanto pessoas e valorize como profissionais que queremos ser.
Faço votos de poder subscrever o manifesto para a criação do sindicato de Arqueologia promovido inteiramente por um incansável grupo denominado Grupo de Trabalho Pró-Sindicato em Arqueologia, assim o mesmo sinta igualmente importante estes dois pressupostos que aqui aflorei: Independência e Ordem (profissional).
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