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terça-feira, março 08, 2005

FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ALMEIDA E CME - Conversas sobre o Património...

Finalmente, aqui vão umas palavras sobre o colóquio sobre Património - "Reabilitação e Valorização do Património", evento realizado no passado dia 28 de Fevereiro de 2005, no Fórum Eugénio de Almeida!! Antes de mais, devo tecer umas palavras elogiosas para a organização deste colóquio, a cabo pela Fundação Eugénio de Almeida. Nunca é demais enaltecer o papel identitário e cultural que o Património tem sobre um povo e sobre uma região!! Tendo então presente na nossa memória que Évora, desde 1986, é cidade Património da Humanidade, título atribuido pela UNESCO, esta é mais que uma oportunidade, deverá ser um imperativo, não somente tratar do seu Património com zelo e tolerância, mas sobretudo despontar o interesse pelas populações mais distanciadas do valor que o Património Cultural tem para a nossa cidade e para a nossa história enquanto nação. A organização deste tipo de eventos, é uma forma ímpar de valorizar o nosso Património, despertando sensibilidades críticas e, anotando quiçá, exemplos menos bem conseguidos, ou, em casos extremos, verdadeiros atentados aos nossos bens culturais. Dito isto, passemos ao colóquio! De todas as intervenções proferidas neste dia, sejam elas, alusivas à intervenção no Convento da Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli, à intervenção de conservação no Zimbório da Sé de Évora e, por último, à importância da cor e do revestimento na conservação dos revestimentos exteriores, esta, pelo arrojo, pela oportunidade, pela evidência, deixou-me deveras pensativo!! Este último painel supracitado, sob alocução do Prof. José Aguiar, ( docente na Universidade Lusíada e investigador no LNEC), deixou no ar inúmeras críticas e vários desafios às políticas urbanísticas aplicadas no centro histórico de Évora, nos últimos anos. Foi-nos revelado pelo Prof. José Aguiar, que Portugal é um dos países da Europa com maior acervo de esgrafitos!! As casas do centro histórico das nossas cidades, estão repletas de esgrafitos!! Este docente aconselha-nos a ter maior atenção para com esta técnica utilizada em Portugal, num passado, ainda recente, pois, por exemplo, Évora tem a presença de esgrafitos do séc. XVII e XVIII, mas também do séc. XIX e, inclusivamente do séc. XX. Poder-se-ia apostar nesta área, como mais um potencial turístico, associado ao Património, à semelhança com o que sucede com a rota do Vinho ou a rota do Fresco. Poderia este ser mais um pólo de atracção e fidelização do turismo na nossa região. Depois dito, o prof. José Aguiar, é bem mais corrosivo, nas suas veladas críticas à gestão autárquica para o centro histórico de Évora!! Eis os pontos que o mesmo refere: - Vandalismo sem precedentes e, sem reparos por parte das autoridades locais; - Anulação da história local, com a abrupta destruição de edifícios, erguendo sob estes, novas construções sem quaisquer similitudes e/ou referências histórico-arquitectónicas com as anteriores - foca o caso flagrante das habitações construídas no final da rua do Raimundo, à direita de quem desce!! No entanto podemos relembrar outros casos, como foram o Centro Comercial Eborim, o Edifício de Santa Catarina, agora a construção em altimetria do novo Hotel, sito na antiga fábrica da Melka, dos novos edifícios contíguos ao extinto convento de S. Domingos, etc; - Total ausência de obras estruturais e concertadas de restauro de casas no centro histórico; - Ideia da afirmação do branco e do amarelo, muito em voga nos dias de hoje, mas filologicamente errada; - Desuso da cal - no centro histórico de Évora, apenas cerca de 10% das suas habitações, ainda tem revestimento de cal. O Prof. José Aguiar remata no seu descontentamento, com as seguintes afirmações: " Évora está a ser traidora em relação ao Património" e "Évora, há 20 anos atrás era um case-study do urbanismo português. Hoje não o é mais". ESPERO QUE ESTAS CONSIDERAÇÕES TENHAM TIDO ECO JUNTO DO DCHPC - Departamento do Centro Histórico Património e Cultura da edilidade eborense!!! AGUARDEMOS...