Já não é com militares que vamos lá. Teremos que ser nós a lutar!!
O país so terá futuro com as gerações mais velhas a deixarem de acreditar que a geração das proprinas e das pga´s não era a geração rasca. Pois, na verdade, é essa a amorfa classe que vai vivendo alienada, como que incólume a esta convulsão social e degradação política, quando ao invés, era quem teria de rasgar o actual fado de que temos padecido.Não são os lutadores de Abril que terão que fazer a nova República. Esses já tiveram as suas conquistas. Nós, apesar de educados numa sociedade da oferta, do consumo e do facilitismo, temos que saber dar valor à vida, às dificuldades e ultrapassá-las com sabedoria e empenho. Temos que ser nós a mostrar que não somos as ovelhas obedientes e estupidificantes que os vários governos nos quiseram formar e que temos capacidade, tenacidade e sobretudo desejo de tomar o rumo deste país chamado Portugal. Quando Homem sonha, a obra nasce, já dizia o poeta...pois então sonhemos poder mudar o destino desta nossa pátria, não fiquemos sentados no sofá a ver na TV o que se passa lá fora...já chega de conformismo!!! Estou optimista porque sei que este caduco regime irá cair de podre... mas a maioria dos portugueses não poderá ficar à espera que ele cai, quando sabe que está preso por um fio na árvore!! A IV República é cada vez mais uma realidade e os portugueses começarão a querer fazer parte dessa mudança e a desejar ser protagonistas dessa mesma obra. Deixarão de se limitar às críticas na imprensa, no café, nos blogues, nas redes sociais, e passarão a outra fase, da acção, da reposição da liberdade e da democracia em Portugal. Já constatámos que, não obstante décadas de denúncias de corrupção, de escândalos, de promiscuidades entre o poder político e o poder económico, esses sectores não alteraram o seu comportamento, passando um atestado de incompetência aos portugueses que se alienaram à indignação perante tais actos. Como se não bastasse, ainda nos pretendem mais ordeiros e menos expeditos, dando-nos o rebuçado da educação, formação e habilitação com programas a la carte tipo Novas Oportunidades. Mas enganam-se aqueles que confiaram que a geração que designaram de rasca e individualista, à semelhança das gerações mais novas da sociedade ocidental, ficaria impávida a aguardar pela delapidação do país. 800 anos de história e muito sofrimento permeio, dão um enorme poder de encaixe, mas simultaneamente capacidade de intervenção in extremis, para resgatar o país das trevas em que episodicamente algumas elites o teimam colocar.
Não haverá um revolução de Esquerda ou de Direita, haverá sim uma Unidade Nacional na contestação pela Dignidade de Portugal e pela Esperança no seu Futuro. Esse argumento é muito mais forte do que tudo aquilo que separa activistas políticos e todas as corporações/associações/instituições que se vêm agora, mais que nunca ameaçadas pelo sufoco financeiro e institucional em que este Governo nos colocou.
Terminando e, repetindo-me novamente, teremos de ser nós a empreender esta façanha, pois não é, obviamente o FMI e a UE que trarão novos ventos de mudança para Portugal. Aquilo que eles nos têm para oferecer são medidas avulsas e pontuais, nunca a panaceia dos nossos males. A mentalidade entranhada na nossa sociedade, que nos esmaga, nos agrilha, só poderá ser alterada se vier de dentro, da vontade expressa e inequívoca do povo português. Se este está saturado, e bem sei o paciente que sabe ser, deste status quo, é a ele que caberá esse ónus de protagonizar a mudança. A UE e o FMI dar-nos-ão o remédio habitual e temporário, divisa, nunca nos darão uma mentalidade diferente da que temos tido até à data. Tivemos as matérias-primas da costa ocidental africana, tivemos as especiarias da Índia, o ouro do Brasil, o petróleo e os diamentes de Angola, os QREN´s e agora não temos mais nada onde nos encostarmos. Só cresceremos quando deixarmos de pedir o peixe e quisermos aprender a pescar e é esse o desafio que faço aos portugueses ávidos de mudança. Não deixem mais que a classe política portuguesa brinque com a nossa dignidade e ponha em causa a nossa inteligência.
«O lugar que ocupamos é menos importante do que aquele para o qual nos dirigimos .»
Léon Tolstoi