Evocarei um aspecto polémico para uns, certamente aceitável para outros.
Quanto maior ou menor é a capacidade económica de um indivíduo, menor ou maior probalidade tem este de sucumbir perante a tentação do poder e do dinheiro. Este premissa tenho-a para mim como algo de, em abstracto, bastante plausível. Não quero com isto dizer que não haja pobres honestos e ricos corruptos. No entanto, também não deverá ser inusitado ou inocente o facto de quem tem poderes na área da fiscalização para o Estado, ser ou dever ser altamente remunerado. Seria, digo eu, uma forma de diminuir o risco de este ser tentado a praticar ilegalidades(na forma de corrupção) sob prejuízo do bem público.
Quando vemos um político de um governo por meio de um pretenso concurso público atribuir uma licença, um contrato, um parecer favorável a uma empresa, sem grandes motivos aparentes justificativos e, logo após a saída do mesmo desse cargo, o vemos a seguir nova etapa profissional nessa msma empresa beneficiada, ficamos racionalmente, entendo, receosos da seriedade desse mesmo político!
Quando em África vimos que, países recentemente independentes, estão abocanhados por políticos autoritários, corruptos, egocêntricos e violentos, sentimos que a tentação do poder e do dinheiro é muito forte e perecível para quem nunca teve nada e se imagina de um dia para o outro na lista anual da Forbes dos multimilionários. Dá-lhe poder, dá-lhe notoriedade! É a expressão máxima do sucesso vindo de alguém nativo de um continente onde isso poderia ser apenas uma miragem...Só não lhe dá, digo eu, mais uma vez, legitimidade para hoje, passados tantos anos de independência destes países, muitos com os mesmos governantes desde que incursaram pela sua independência ou seus próximos familiares e amigos, falarem em convicções, em causas independentistas fundamentadas, em africanidade, em ocupações do homem branco,etc..Todos eles, quase sem excepção, provaram que as suas causas foram todas elas ditadas pela cor do dinheiro e pelos interesses pessoais.
O que podemos ver no "Fiel Jardineiro" de Fernado Meireles ao nível da leviandade dos governos africanos para com as suas populações, vimo-lo anos antes por parte de pretensas justiceiras democracias norte-americanas, inglesas, francesas ou potências comunistas da China, Cuba e URSS relativamente à política colonial e às suas relações com movimentos independentistas africanos, onde se falava à boca cheia dos direitos daquela gente a ter uma vida melhor, a ser soberana, a ser respeitada nos seus usos e costumes e a poder, acima de tudo decidir pelo seu futuro. Esses países, onde estão hoje? Em África sim senhor, mas cabalmente mais ricos com negócios chorundos, com a exploração de petróleo, extracção de madeiras exóticas, de diamantes e demais minérios, marfim, peles, pesca...Eles levam dinheiro para lá, sem dúvida. Não tanto quanto deveriam, mas ainda assim pagam bem. Defendiam independências de países que hoje vêm morrer pessoas sem casa, sem comida, doentes, sem roupa, onde miúdos morrem de difteria, de tubercolose, de FOME...onde crianças nascem e morrem sem terem tido um sorriso na sua curta e dramática passagem terrena...
É triste sim, ver que a partilha aconteceu em África, mas apenas bafejou as suas elites governamentais, enquanto que o resto, o resto caminha lentamente para o abismo que essas elites lhes prometera décadas antes tapar!!!
Bela posta! Continua...Grande abraço
ResponderEliminarAh...já não vou pró leste!
Estes mereciam ouvi-las!! :)
ResponderEliminarPor um lado fico satisfeito, pois tenho mais oportunidades para privar da tua companhia e amizade. Certamente que a curto prazo encontrarás algo que te preencha profissionalmente.
Grande Abraço