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terça-feira, abril 01, 2008
Comentário pessoal.
Não sei se viram hoje[27-03-2008] uma reportagem da Sic sobre o regime super intensivo de olivicultura no Alentejo patrocinado por empresários espanhóis que têm vindo a adquirir uma grande parcela dos latifúndios alentejanos. Essa reportagem baseou-se numa denúncia da quercus que alertava para a massificação dos campos do Alentejo, sobretudo do distrito de Beja com olivais em regime super-intensivo, com graves prejuízoa para o ambiente, com especial destaque para o abate ilegal de centenas de azinheiras e sobreiros(espécies protegidas por lei).
Quercus
Nessa reportagem, os empresáreios espanhóis recusaram falar, perguntando ainda assim ao enviado da Sic no terreno, Luís Rego, se os alentejanos e portugueses preferiam ter os campos abandonados como até à sua chegada, evitando-se responder ao concretamente perguntado.
Mas mais que a danificação do ambiente que, segundo ecologistas, supõe(a olivicultura) a criação de uma monocultura, sem qualquer biodiversidade, com graves reprecussões na fauna e flora existentes, pergunto eu, quanto sítios arqueológicos já foram irremediavelmente destruídos?
Lembro-me que em 2006 tive oportunidade de trabalhar numa escavação de emergência perto de Baleizão, numa exploração onde se transformava a cultura vigente para a olivicultura super-intensiva, curiosamente no local chamado como cidade dos Pilares. Foi feita uma denúncia e o IPA actuou junto do proprietário que sabia de antemão da localização deste topónimo e de imensos materiais à superfície que aí brotavam. O que é certo é que, como a Quercus denúncia, só nesta zona, falamos na reconversão de mais de 6000ha de terras para olivicultura super-intensiva, com todas as consequências que daí advêem. como por exemplo, da abertura de valas por intermédio de um "ripper" que podem ir de 0.80m a 1.20m de profundidade, para plantação de oliveiras e colocação de rega gota-a-gota.
Pergunto eu como tem sido feita a fiscalização deste mais de 6000ha só na zona da raia do distrito de Beja com Espanha?
Pergutno eu como é possível que 2 arqueólogos avençados, que nem sei se ainda estão em função no novo IGESPAR e que muito estimo, podem ter mãos a medir para tanto trabalho, no meio de aprovação de relatórios, fiscalização de acompanhamentos, escavações científicas e de emergência?
Têm as nossas autoridades competentes, estado atentas a esta realidade? O que têm feito pela preservação do nosso património cultural e arqueológico?
Julgo que esta era mais uma oportunidade de ouro da Associação Profissional de Arqueólogos para evidenciar trabalho no seu âmbito e demonstrar sentido de responsabilidade e, mais que tudo, conhecimento da realidade. É pena que tanto as nossas autoridades, como quem nos devia defender e representar, se resumam a reagir, ao invés de agir em conformidade com as várias situações que vão surgindo.
Sou um acérrimo defensor desta instituição, mas se ela se resume a aparecer esporadicamente, em tom de reacção, sem uma justificação integrada numa conduta de rigor, de continuidade e de conhecimento de causa, não sei para que se justifica a sua existência?
Como é possível que ninguém da APA tivesse actuado neste sentido junto do IGESPAR, e do próprio Ministério da Cultura?
Ficam muitas perguntas e receios de um técnico de Património Cultural.
Saudações a todos e espero que juntos possamos resolver esta dramática situação.
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