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quinta-feira, agosto 21, 2008

JO - Considerações

Cada vez mais os JO são uma afirmação de rigor, excelência, não apenas das capacidades individuais do atleta que conquista um título, mas do seu país de origem, numa exteriorização do seu elevado grau de desenvolvimento humano-económico-social. Basta comprovar esse facto com os quadros dos países mais medalhados. Qualquer um de nós verifica que lá estão quase(Portugal acentua a necessidade de por este quase) todos os membros da UE a 27, dos EUA, da Rússia, do Brasil, da China, da Austrália, da nova Zelândia...Enfim estão lá quase todos, senão mesmo todas as maiores economias e estados com altos índices de desenvolvimento humano. Estranhamente ou não atentando aos 2 jogos olímpicos do séc. XXI, (Sidney 00 e Atenas 04), Portugal entre os seus parceiros europeus ficou em 2000 em 23º (de 27 no total), empatado com a Eslovénia e, em 2004 em 22º com outros 3 países (Bélgica, Lituânia e Letónia). Já nem vos recordo das anteriores edições! Basta dizer que em 25 edições de JO (exceptuo a presente) ganhámos 20 medalhas. Isto nem sequer chega a uma medalha por edição. Que pobreza franciscana!! Outra curiosidade é que verificamos que apesar de tudo, nas duas últimas edições tínhamos estabelecido uma média de 2 medalhas (possivelmente já falhada nestes últimos jogos) por jogo. No entanto também aqui verificamos a malfadada e inócua progressão portuguesa, que nos diz que se conseguimos crescer na economia 1, os nossos colegas europeus crescem 2, 3, 4 e por aí fora. Aqui se demonstra bem que o nosso problema de produtividade é abragente e assustador. Aliás, um comentador de televisão disse e bem, que quando a nossa sociedade tabela constantemente por baixo, quando reduz as suas exigências para com os deveres do cidadão, por que motivo estes 78 atletas fugiriam a essa onda de mediocridade? Entretanto já chegaram, bem à portuguesa quando a coisa começa a ficar excessivamente crítica, os defensores do indefensável que, num infortúnio verbal, dizem eles, os atletas lá se descuidaram e tiveram infelizes afirmações. Nem sequer discutem se essas mesmas afirmações são o mais puro e genuíno espiríto e estado de alma dos mesmos atletas sobre competividade, profissionalismo e ambição!! E a culpa agora é do comandante Vicente Moura? Claro que também é dele. Está na poltrona há 30 anos e ainda não vi um laivo de progressão e desenvolvimento no nosso espírito olímpico. No entanto não foi ele que acusou um árbitro de ter prejudicado os nossos atletas, que disse que não estava talhado para estas competições, que acha que na caminha é que é bom, que não esperava ficar pasmo com 70 mil chineses nas bancadas... Quem ousa defender aqueles que propagadearam a indignação dos portugueses com afirmações, no mínimo, deselegantes e de falta de educação, está a juntar-se à escol dos fracos, dos tacanhos, daqueles que não querem que o país evolua e tenha uma exigência global enquanto país social e humanamente desenvolvido de relevância. Obviamente que não pretendo crucificar estes atletas, agora também não posso é defendê-los.
Constantemente passamos, como disse recentemente Miguel Maia, antigo atleta olímpico, do oito para o oitenta. Não defendê-los pela sua irresponsabilidade e falta de brio nalgumas circunstâncias, não é sinónimo de imolar nomes na praça pública. Eles que façam um serena e necessária introspectiva sobre os seus desempenhos, a todos os níveis, sem que se encostem a esta nova onda da desculpabilização evitando compreender em rigor o que se passou consigo. Vejo JO há mais de 19 anos e assisto sempre ao mesmo para justificar as sucessivas paupérrimas prestações dos atletas portugueses (no geral, é claro que existem atletas de excepção)....desculpas, desculpas, desculpas...Quando acontece que as ajudas monetárias chegam(louvo este Governo por isso) e os prazos para as mesmas são cumpridos, deparamo-nos com enormes bizarrias ao nível da justificação de prestações fracassadas. Sempre nivelámos as nossas expectativas por baixo e, isso mesmo se verifica quando agora parece haver uma certa unanimidade olímpica (comissão dos atletas olímpicos) para dizer que as expectativas não foram bem geridas, que é como quem diz, colocámos o patamar muito lá em cima e agora estamos a sofrer as naturais consequências de termos querido ser ambiciosos. Os espanhóis também tiveram um ponto 0, uma partida no que toca a darem o salto na obtenção de medalhas em número mais significativo. Isso aconteceu em Barcelona 1992 quando organizaram os jogos e viram que essas mesmas medalhas, não são apenas uma vitória individual dos atletas, mas um sinónimo da eficiência, da seriedade, do rigor e responsabilidade de um Estado, seja ao nível da criação de estruturas físicas que permitam que essas conquistas não sejam um mero acaso, como também do apoio dado aos atletas para singrarem e lutarem pela sua bandeira. Mais! Entristece-me ouvir os atletas dizerem que fizeram o seu melhor e depois sabemos das suas desoladoras prestações. A Naide Gomes fez o seu melhor em Pequim? Desculpem-me mas ela fê-lo sim em Osaca nos mundiais quando se sagrou campeã do Mundo. João Costa, segundo me disseram era o nº 1 do ranking mundial e ficou em 33º nestes JO. Fez o seu melhor? Tínhamos o João Rodrigues que em prancha à vela era campeão da Europa e vice-campeão mundial e agora ficou em 11º. Tínhamos a Telma Monteiro e mais um série de atletas que tinham justificadas e esperadas expectativas de medalhas que não foram alcançadas. Desculpou-se, bem como muitos outros e nós o que fazemos? Criticamos a Vanessa Fernandes que foi medalha de prata, por ter sido indelicada e injusta com os seus colegas que ainda não souberam perceber que cada vez mais o que destoca não é participar nos jogos, mas sim quem neles faz história. Há essa clarissíma barreira psicológica, no meu entender que ainda não foi quebrada, tanto por dirigentes, como por treinadores. É-lhes dito (aos atletas) que façam o seu melhor, independentemente das suas classificações finais. Se a Naide Gomes que foi campeã mundial em Osaca disser que fez o seu melhor, ainda que tenha ficado em 32º, nós poderemos ficar de consciência tranquila que o que se passou foi algo supra-humano com as 31 atletas que ficaram à sua frente. Sinceramente já não há pachorra para assistir a tanta comiseração e miséria organizativa, desportiva e mental. Para esse peditório não dou, assim como quem para ele contribuir está a permitir a eternização do problema e da perpetuação da leviandade e mediocridade em Portugal. Um hábito bem típico em Portugal, este do perdão sobre os prevaricadores, bem visível, por exemplo num tribunal perto de si!!!

3 comentários:

  1. Antes de ler este post já tinha comentado o anterior.
    Mas volto à minha opinião (mais resumida): há mínimos e há máximos, e para alguns atletas os mínimos olímpicos são já o seu máximo.
    Deverão ainda assim ir aos Jogos?
    Claro que este ano, alguns que teriam esperanças sustentadas de conseguir bons resultados falharam. Casos de que falaste, mas se a estes não se juntasse todos os dias:
    atleta X, realizou hoje o seu primeiro e único encontro ao ser logo eliminado (pode ser ténis de mesa, badmington, ...)
    Ouvi antes dos jogos os casos da natação: "não sonhem com finais e nem sequer com meias finais!". Então o que vão lá fazer?
    Ainda espero uma frase no inicio dos Jogos em que um atleta diga: "venho com grande ambição, acho que posso conseguir o 146º lugar!"

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  2. http://templodogiraldo.blogspot.com/



    Passem por aqui.



    SAUDAÇÕES.

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  3. ehehehehee! Acho que não diria melhor...
    Penso que a latente falta de ambição, independentemente do profissionalismo que possa existir, não potencia, mas sim espelha o espiríto comum do português, da tacanhez, da subserviÊncia, da modéstia, da normalidade, por último. Não queremos destoar do outros. Queremos ser mais uns... E isso, faz toda a diferença, mesmo no nosso espíríto, quando nos espraiamos e deixamos tolher com tanta vulgaridade. Ainda assim, queria deixar outras duas notas sobre esse aspecto. Essa característica que aqui evoco, é tão patente quando verificamos que temos campeões mundiais em modalidades olímpicas que depois tropeçam e desiludem nos Jogos. Ou seja, eles ganham geralmente quando não são vistos como potenciais vencedores, quando são tidos como "outsiders", pois quando estão no topo e são apontaods por quem os rodeia, acabam por nunca( ou quase nunca) aguentar essa pressão...(mais uma ves salta-me à vista inúmeros exemplos históricos da nossa visão periférica das coisas e do mundo e da infindável subserviência perante os outros). Não estamos acostumados às luzes da ribalta!! Isto tudo para dizer que os nossos atletas, quiçá, no seu íntimo já tem redigida a sua avaliação de um hipotético falhanço: compreensão dos portugueses. Nós nunca lhes poderíamos pedir mais que aquilo que a nossa história e os nossos homens nos dêem dado. Não seriam os JO uma execpção.Essa barreira psicológica acaba por ser determinante para quem fisicamente possa estar num momento perfeito e depois não justifique essa condição no campo.
    E depois, há outra barreira, quase antagónica com a primeira citada. Suspeito que caso tivessemos ganho uma medalha nos primeiros 2 ou 3 dias e, a pressão que exista (sim em relação a uma medalha e face aos principais candidatos a alcancá-la)acabará por se dissipar e, possivelmente contribuirá para uma motivação extra e um cavalgar de maior ambição entre os nossos atletas...Pelo menos, estou certo que muitas das afirmações proferidas tinham sido substituidas por outras mais dignas.
    Mas isto, isto são especulações e hipóteses aventadas, muito em função da forma como vejo o povo português em geral!!!
    Cumprimentos

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