Quando vi pela primeira vez estes cartazes de propaganda do PCP, a ideia que me assolou inicialmente foi: "Ena, que progressos, já verbalizam a palavra patriótica"! Sim, porque os apologistas da pátria, eram vistos como fascistas, não se podia sequer pensar em tal vocábulo que, logo aparecia o lápiz azul a tirá-lo da nossa mente. Mas depois interroguei-me do porquê do e entre patriótica e esquerda! Afinal de contas, o patriotismo de um indivíduo não deve estar subjugado perante dictames ideológicos. Mas talvez para o PCP esteja sim, caso contrário não insinuava a existência de duas linha patrióticas: uma de direita, outra de esquerda. Agora volto a questionar se o PCP teve no seu passado recente, nomeadamente no processo do 25 de Abril, descolonizações, PREC e reforma agrária, uma visão patriótica de Portugal? Aliás, pergunto se nesse período, o facto de existir uma URSS e da mesma auxiliar no financiamento do PCP e de formar quadros políticos e, dessa forma de existir uma estreita colaboração entre o regime soviético e o PCP, não era sinónimo de uma eventual subjugação do partido comunista português ao partido comunista soviético e às directrizes emanadas pela IV Internacional (Comunista)?
Aliás o PCP persiste no Internacionalismo, segundo o seu próprio Programa:
«1.Partido político [PCP] e vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores, o Partido Comunista Português é um partido patriótico e internacionalista...
Internacionalista, porque partido dos trabalhadores portugueses cujos interesses se identificam com os interesses dos trabalhadores dos outros países na sua luta contra a exploração capitalista e pela emancipação da humanidade; solidário para com as forças revolucionárias; partido que intervém com inteira autonomia e independência no diversificado quadro das forças revolucionárias e progressistas mundiais, nomeadamente do movimento comunista internacional que se modifica com as mudançasda situação mundial e nos diversos países e regiões -inspira as suas posições e relações internacionais no internacionalismo proletário e se assume como um partido da causa universal da libertação do Homem.»
Bem sei que se apagou a chama da Guerra Fria, do Bloco de Leste, que o Muro de Berlim caiu, etc. e que a realidade mudou substancialmente desde 1990 para cá, no entanto pergunto se o PCP não persiste no Internacionalismo (Comunista) como sua praxis política, questionando a autenticidade do emprego da expressão patriotismo entre as suas hostes? Afinal de contas nada me aconselha enquanto patriótico a promover, ou pelo menos a anuir Estados autoritários como são casos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Coreia do Norte...
Ao menos fiquei com dúvidas da sinceridade da sua campanha, apesar de ver, em abstracto, com satisfação o emprego (ainda que mais dialéctico) da palavra patriótica.
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