Recentemente o GAO - Grupo dos Amigos de Olivença noticiou pela comunicação social nacional uma estranha comemoração que o alcaide de Olivença se prepara para realizar naquele território saqueado por Espanha. Ao que foi veiculado por este grupo o alcaide oliventino deseja comemorar os 211 anos de ocupação ilegal daquele território através de uma guerra designada por Guerra das Laranjas, ocorrida em 1801. Pretende-se realizar uma mega produção da vitória de um país agressor sobre Portugal que teve como consequência a usurpação daquele território. Tem havido muito silêncio e até cumplicidades entre o município local, a região administrativa da Extremadura e o próprio Governo Central de Espanha de quem seria de esperar uma tomada de posição sobre o assunto. Quanto aos órgãos de soberania nacionais parece seguir-se o mesmo diapasão, o silêncio é de ouro. Contudo e, voltando ao título da mensagem, parece ser estranho querer-se comemorar a invasão de um país que retirou direitos de jurisdição, circulação e de nacionalidade ao território anexado. Ou seja, irá-se comemorar em Olivença 211 anos de agressão e anexação sobre um território nacional! Parece no mínimo estranho que o Governo Português, por intermédio do Ministério dos Negócios Estrangeiros não se queira pronunciar e até mesmo condenar esta iniciativa. Acresce que a coligação governamental PSD-CDS sempre teve uma postura minimamente coerente e séria no que toca a esta clívagem diplomática, pelo que seria de esperar por parte do Dr. Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, coerência e patriotismo numa rápida condenação ao acto de agressão que a nossa vizinha Espanha se prepara para fazer. Aliás, sendo um dos poucos motivos de alguma apreensão e discórdia com a nossa vizinha Espanha, exceptuando talvez a questão dos caudais dos rios internacionais, ambos sempre omissos nas questões que Portugal pretende discutir com Espanha nas periódicas cimeiras lsuo-espanholas, parece-me que Espanha teria todo o interesse em sanar definitivamente estes pruridos com Portugal. Ao invés teima na arrogância e na prepotência de quem ocupa, usa e abusa dos bens alheios.
Sou democrata-cristão e enquanto simpatizante do CDS-PP sentir-me-ei muito defraudado se este Governo não tomar uma enérgica medida com vista a censurar estes dispautérios de vestuto colonialismo castelhano.
Em jeito de conclusão, quanto ao facto do tema ter sido recentemente abordado e activamente censurado pelo PS de António José Seguro, apesar de me congratular por dessa forma ter sido colocado o tema na agenda mediática, só posso com isso reconhecer uma total insignificância do líder da oposição parlamentar, fruto do passado recente de responsabilidades na quase bancarrota de Portugal, onde a mesma pessoa era deputado do PS de apoio ao Governo Sócrates e, por isso solidário com todas as suas decisões tomadas. E, pelos temas que aborda, entre o qual o de Olivença, algo de inusitado no PS, apenas revela que procura desesperadamente pontos de conflito e clívagem com este Governo para se poder descolar do famigerado plano de resgate da Troika. Recordo ainda que o PS se agora foi enérgico a levantar esta problemática, em todos os 6 anos de consulado governamental (com cimeiras luso-espanholas pelo meio) foi incapaz de abordar ao de leve sequer o tema. Ou seja, esta atitude apenas revela desnorte e hipocrisia de uma classe política que tudo faz para ser notada e para demonstrar que faz diferente do rival no Governo.
Se a memória não me falha as próprias comemorações veiculadas em vários órgãos de comunicação social, desde o Público, Jornal de Notícias, TVI24, Agência Financeira e Jornal da Madeira, já tinham sido anunciadas ainda com o Governo de Sócrates, pelo que ainda mais gravosa se torna a atitude. De qualquer forma, neste caso em concreto, Olivença e o Patriotismo agradecem por terem sido lembrados.
Quanto ao que espero deste Governo? Sinceramente que seja verdadeiramente independente, patriótico e rigoroso na demanda de responsabilidades e de soluções para esta velha questão de 211 anos (só por aqui se vê o deixa andar nacional!). Se o MNE português chamasse o embaixador espanhol em Portugal e abordasse inclusivamente esta questão no seio da UÉ, bem como solicitasse correspondentes diligências do nosso embaixador em Madrid, parecia-me algo de louvável, pois se se quer ser diferente do populismo, da demagogia e da cobardia, actue-se em conformidade. Se Madrid quer ser um membro sério da UÉ, um parceiro reconhecido, amigo e solidário dos seus pares, terá que se deixar de velhos tiques de potência colonialista e ser o primeiro interessado em dissipar quaisquer conflitos com o seu vizinho lusitano.
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