Correndo
o risco de ser mal interpretado o que me parece injusto nesta recente controvérsia é os defensores
dos animais quererem por no mesmo patamar o ser humano e o animal.
Muitos dos maiores defensores dos animais, sendo mulheres ( um elogio à sua sensibilidade), tiveram por
circunstâncias várias do seu quotidiano ou até mesmo por um ideal de vida, a
opção de adoptarem animais em detrimento de terem filhos (também há quem
tenha filhos e simultanemaente animais e se dedique a esta causa, mas
com uma maior clarividência sobre as diferentes realidades em causa) e,
muitas vezes foram induzidos por esse Amor que têm pelos animais a
tomarem-nos quase como seus filhos querendo para eles aquilo que muitas
vezes choca com a condição humana e sobretudo com a nossa convivência
entre espécies. Certamente que no meio deste sentimento há muito de
positivo a retirar nomeadamente quanto ao crescente bem estar animal que
vamos observando na nossa sociedade. Agora já me parece mal que em
alguns casos se caia no radicalismo de exceder as atribuições que nós
humanos devamos dar aos animais, sejam de companhia ou não. Há animais
que podem representar perigos vários para nós, seja por via da sua
violência, seja por via da transmissão de doenças e que por isso não
podemos permitir que coabitem connosco. O Amor pelos animais ao
contrário do Amor pelas crianças não pode ser incondicional. É isto
precisamente que muitos dos defensores hoje do Zico querem, que coloquemos
condições para amar as crianças, pelos estados económico, social,
psiquico da sua mãe (refiro-me essencialmente aos defensores do Zico que também foram no passado defensores do Aborto) mas simultaneamente que amemos sem reservas os
animais. Gostaria que muitos dos defensores dos animais tivessem podido
ser pais, ou tivessem tido a corajosa tarefa de adoptarem uma criança
para verem quão diferente é esse Amor e nessa condição, atrevo-me a dizer que certamente hesitariam em colocar no mesmo patamar coisas colossalmente distintas.
Por fim compreendo hoje cada vez melhor a afirmação de Teixeira de Pascoaes que dizia que «os animais são pessoas, como nós somos animais.»
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