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quinta-feira, março 11, 2010

Parcas palavras pejadas de sentido - José Gil.

Não resisti a deixar aqui breves citações de uma curta entrevista dada pelo filósofo e professor universitário José Gil, no DN de ontem (10-03-2010) em vésperas de se reformar da docência académica:

«As pessoas que constituem a academia portuguesa não estão abertas ao pensamento uns dos outros. Vivem isoladas, só pensam nelas e nas suas carreiras. Tenho mágoa porque se houvesse troca de ideias entre as pessoas, se houvesse comunicação, criar-se-ia uma energia contagiante, que ajudaria os alunos e ajudaria o país...Neste momento Portugal está a abdicar da exigência democrática. Não há um esforço para pensar em alternativas além dos paradigmas reformistas vigentes.»

Mais que ao corpo docente universitário em Portugal, julgo que se poderia estender esta velada crítica de José Gil à própria classe política portuguesa quando, em atitudes de permanente autismo económico-social, parece não querer abrir-se à sociedade que representa e que deveria defender em toda a linha. Aliás, é para isso que esta classe é eleita. Supostamente para nobres acções, para atitudes de civismo e de pleno exercício de cidadania e amor à sua pátria. No entanto, parece-me que  a passagem «Vivem isoladas, só pensam nelas e nas suas carreiras...» poderia muito bem adaptar-se aos reais interesses dos políticos portugueses. Pedem sacrifícios onde eles se colocam no fim da lista dos afectados, deixando para o grosso da população, dos mais carenciados o pagamento da enorme factura que eles debitam em nosso nome.
Julgo existir entre alguns portugueses que almejaram granjear algum sucesso profissional, uma certa aura de petulância, fruto da esmagadora maioria de iletrados que ainda detemos no país, achando-se como que deuses num Olimpo. Falo de médicos, de juízes, de professores universitários, de políticos. Estes no topo da pirâmide da arrogância e da presunção dialéctica. E, quando isto sucede, acabam por acontecer inesperadas reacções da massa popular, que muitas vezes a classe dominante não faz por entender. Foi assim em 1974 e não sei se não voltará a suceder a breve trecho, visto que, mais que a asfixia democrática de que fala José Gil, temos presentemente uma enorme asfixia social e económica, algo que a ocorrer simultaneamente nunca deu bons resultados...Vejamos o tão propalado caso grego...a sua instabilidade social não é iminente, está nas ruas!

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